domingo, 11 de janeiro de 2015

CRÓNICA: BIRDMAN

Título Original: Birdman or (The Unexpected Virtue of Ignorance)
Título Nacional: Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
Pontuação: ★ ★ ★ ★ ★

Realização: Alejandro González Iñárritu
Argumento: Alejandro González Iñárritu, Nicolás Giacobone, 
Alexander Dinelaris e Armando Bo
Elenco: Michael Keaton, Zach Galifianakis, Emma Stone, Edward Norton, 
Naomi Watts, Andrea Riseborough, Amy Ryan
Info: Drama | Comédia | $16,5M | 119 min



Depois de catapultado para o palco internacional com a realização de Amores Perros, e seguindo com outros filmes badalados como 21 Grams, Babel e Biutiful, o mexicano Alejandro González Iñárritu lança-se em 2013 na realização de Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância). O resultado é um filme que foge ao habitual, que não pode ser catalogado e que surpreende pela sua apresentação crua. Fotografia, realização, elenco, personagens (e até o póster) são delineados com uma grande atenção ao detalhe, resultando num filme a não perder.

O protagonista é Riggan Thomson (Michael Keaton), velha glória que levou um super-herói para a grande tela numa trilogia de blockbusters ao estilo de Downey Jr. A vida voou e banalisou Thomson, levando-o à Broadway na derradeira batalha para contestar a sua queda no esquecimento, com uma adaptação própria de What We Talk About When We Talk About Love, de Raymond Carver, passando-se o filme integralmente nos dias que antecedem a estreia. Embalados num artificial plano-sequência brilhantemente montado por Emmanuel Lubezki e pela percussão de Antonio Sánchez, percorremos os corredores do St. James Theater, ao ritmo dos desvarios alucinantes de um Riggan atormentado pelo seu decaimento e pelo distanciamento à sua família, enquanto procura paradoxalmente renascer qual fénix e não sucumbir ao seu alter-ego psicótico. Ao longo desta trip (em ambos os sentidos) temperada com um refinado humor negro, os frequentes close ups potenciam várias demonstrações individuais – e até verdadeiros renascimentos – daquele que deve ser o melhor ensemble de 2014. De Michael Keaton, numa brilhante interpretação do desespero do ator decadente, a Emma Stone no papel da filha da velha glória confinada aos limites do seu próprio ego; de Galifianakis no papel de agente/advogado/melhor amigo de Thomson e mentiroso compulsivo pelas melhores razões, a Norton no papel do excêntrico method actor dotado de um inusitado poder gravítico. O sentimento é um: é pena não podermos ver com mais frequência manifestos de talento deste calibre.

Quando estes vetores se agregam num desequilíbrio tão harmonioso, o resultado só podia ser aquele que estamos a viver: 7 nomeações para os Globos de Ouro (a gala realiza-se nesta noite de 11 de Janeiro), 10 para os BAFTA (anunciadas no passado dia 9) entre outras 92 nomeações e 96 prémios já conquistados! Com certeza que vamos ouvir falar muito (e bem!) de Birdman na antevisão da cerimónia de entrega dos Óscares da Academia deste ano.

Numa clara aposta fora da caixa da atual tendência cinematográfica, Iñarritu entrega um filme que nos absorve e nos guia de uma forma perspicaz e habilidosa, que explora as fragilidades de um protagonista inquebrável, em que realidade e imaginação se confundem, e em que a crueza da peça montada pelos atores se funde em simbiose com a própria natureza do filme. Birdman é particular. Birdman é por vezes bruto, contraditório e esquizofrénico. Mas se for para ficar tranquilo, o melhor é ficar em casa.

1 comentário:

  1. "Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)" tem uma história bastante boa mas com o passar do tempo torna-se algo confusa e aborrecida
    4*

    Lê mais em: http://osfilmesdefredericodaniel.blogspot.pt/2015/01/birdman-ou-inesperada-virtude-da.html

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